EXTINÇÃO

"A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto.” Romanos 8:19-22 (NVI)

Quero hoje refletir convosco, como nos aproximamos do fim dos tempos, e como os sinais estão aí para quem quiser ver, até na natureza.

Deus entregou o Planeta ao Homem “para cuidar dele e cultivá-lo.” (Génesis 2:15) e responsabilizou-o pelo cuidado de toda a Criação “formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, o Senhor Deus os trouxe ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a cada ser vivo, esse seria o seu nome. Assim o homem deu nomes a todos os rebanhos domésticos, às aves do céu e a todos os animais selvagens.” (2:19-20). A Queda amaldiçoou não só a Humanidade, como toda a Criação e esta geme para que seja “libertada da escravidão da decadência em que se encontra”.

Nos últimos 100 a 200 anos, o ser humano caído, conseguiu destruir praticamente tudo em que toca. Em vez de um bom Mordomo da Vida e da Criação, tornou-se carrasco e assassino, acelerando assim a sua própria e inevitável extinção.

Como cristã e parte da Igreja nesta Terra, sei que o nosso destino será um dia a Nova Jerusalém, mas enquanto aqui estou, não posso deixar de ser “oficial de justiça[1] e bradar. Sob a ameaça de uma pandemia, o ser humano entrou em pânico e clamou. Quem clamará pela pandemia do extermínio global das criaturas que devíamos proteger?

Existem atualmente no planeta cinco espécies de Rinocerontes, todos eles em perigo de extinção: o Rinoceronte Branco (14,500 indivíduos) e o Negro (3,610), em estado selvagem na África, o Rinoceronte Indiano (2,619), o Rinoceronte de Sumatra (275) e o Rinoceronte de Java (apenas 80 e já extinto no Vietname desde 2010). [2]

Morre um rinoceronte a cada 8 horas, o que significa que provavelmente, em 2025 estarão extintos e, com o seu desaparecimento, centenas de outras espécies entrarão em colapso, desde as aves, aos grandes felinos e bovídeos, até aos pequenos insetos e rastejantes, todos parte de delicados ecossistemas que o Homem está a destruir sistematicamente.

Desde 1970, mais de metade dos animais desapareceram da Terra. E os culpados somos nós. As atuais taxas de extinção são entre 100 e 1000 vezes superiores às taxas de extinção existentes antes de o Homem se tornar um “fator proeminente de pressão” do meio ambiente.” [3]

Segundo a WWF (World Wide Fund For Nature), representada em Portugal pela Associação Natureza Portugal, estes 60% de animais extintos, morreram devido à destruição de habitats, alimentação humana, excesso de pesca e claro, a caça furtiva, a principal causa do declínio dos rinocerontes, em particular.

Os chifres de rinoceronte rondam a 51 mil euros por Kg, algo estupidamente absurdo, se considerarmos que são compostos basicamente de queratina, como as nossas unhas. Mas a caça furtiva não é feita por aldeões em pobreza extrema, antes são verdadeiras redes criminosas organizadas, as quais lucram com a matança brutal e são tão impiedosas como as redes de escravatura humana. Nos últimos anos foram identificadas redes no Vietname, China, Coreia do Sul e Tailândia, acusadas de envolvidas no tráfico de marfim e chifres, avaliado em milhões de dólares.

Os cientistas e veterinários descobriram recentemente que, apesar do seu aspeto robusto, o rinoceronte é um dos animais mais sensíveis da terra, é extremoso com a sua família e pode morrer de stress em apenas 4dias. [4]

Conheci a trágica história de um rinoceronte filhote de 1 mês, ao qual não só esquartejaram a mãe à sua frente, como lhe cortaram uma pata e as costas à machadada, só porque o pequenino tentava defender a progenitora. Em minutos a guarda florestal sul-africana do Parque Nacional Kruger, entregou o bebé à Care for Wild Rhino Sanctuary (santuário para rinocerontes órfãos), onde foi salvo, e com muito amor lhe chamaram Arthur, o corajoso. Sem esta rápida intervenção, Arthur teria morrido de desgosto, como morrem diariamente tantas crias… [5]

Provérbios 12:10 adverte-nos “O justo cuida da vida dos seus animais”.

Se a morte tanto assusta os homens que não querem morrer de Covid, porque então extinguimos tão impunemente os inocentes só por mera ganância e indiferença?

Talvez não haja muito que eu possa fazer, mas posso escrever.

E você? 

EXTINÇÃO, por Sandra Rosa 07-12-2020


[1] Um dos papéis de um Mordomo é trazer a Justiça divina à Terra e denunciar o mal.

[2] Números estimados de rinocerontes em estado selvagem, segundo o maior site de informação internacional, Rhino Source Center, consultado nesta data em http://www.rhinoresourcecenter.com/species/

[4] “Doenças relacionadas com stress, nomeadamente da bactéria Streptococcus equisimilis, causam a morte de rinocerontes brancos e negros em apenas 4 dias.” http://www.rhinoresourcecenter.com/index.php?s=1&act=refs&CODE=note_detail&id=1165254591


Comentários

  1. Fantástica esta matéria! Como cristãos devemos ter ainda mais consciência do valor de toda a criação. E, por isso, fazer a nossa parte para a sua preservação. Os seres vivos e não vivos que compõem a natureza são a nossa "casa" nesta terra. Ao destruí-la revelamos ingratidão e inconsequência. É um "tiro no próprio pé".

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  2. A Palavra de Deus é bem explícita de como o Homem é responsável pela Criação!
    Um alerta relevante nos tempos que correm.

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