CICATRIZES DA CORAGEM
Li na faculdade, um romance de Stephen
Crane publicado em 1895, The
Red Badge of Courage (A Insígnia Vermelha da Coragem) que conta a história de um
soldado da Guerra Civil Americana que
recebe a melhor das medalhas: uma cicatriz que prova a sua bravura.
Perdi praticamente tudo em 17 anos, mas ganhei o que ninguém me pode roubar: as minhas cicatrizes da coragem! E um dia quando for receber o meu galardão eterno, sei que ouvirei: “Bem está, serva boa e fiel.” Mateus 25:21
CICATRIZES DA CORAGEM, por Sandra Rosa
O título inglês deste livro
ficou-me sempre na memória e muitas vezes me reconheço nele, nas minhas cicatrizes
que ninguém vê, mas que eu sei que testificam a minha coragem.
Se houvesse uma máquina de RX da
alma, a minha estaria disforme e irreconhecível… de tantas e tamanhas feridas
que a traspassaram e quase mataram…
Mas esta não é uma ode à tragédia,
mas sim à coragem! À bravura silenciosa, despercebida, desvalorizada, rotulada impiedosamente,
mas que vez após vez me ergueu das cinzas, mesmo quando não havia réstia de
esperança, só pela tenacidade de não se deixar vencer!
Hoje olhei para o Livro de Reclamações
da minha empresa (2001-2018). Está intocado! Nenhuma
queixa, reivindicação ou protesto. Dezassete anos de serviço imaculado, num mercado
que servi, com mais sacrifícios do que muitos jamais ousariam pagar. Isso fala mais alto, do que todas vozes!
Perdi praticamente tudo em 17 anos, mas ganhei o que ninguém me pode roubar: as minhas cicatrizes da coragem! E um dia quando for receber o meu galardão eterno, sei que ouvirei: “Bem está, serva boa e fiel.” Mateus 25:21
O que este livro de reclamações não conta (porque
está em branco) são as razões das minhas medalhas…
Talvez este seja o meu mais íntimo
artigo até hoje, mas ei-las aqui.
Em 2001, quando abri a empresa,
abateu-se a primeira crise mundial inesperada. O primeiro a fugir foi um dos
sócios, que comeu o salário durante um ano sem nada fazer, quis receber dinheiro que não tinha investido e ainda saiu a difamar. Em 17 anos o IVA (Imposto Valor Acrescentado foi subindo desde 16% a 23%), e quer as empresas recebam ou não, os impostos são certos todos os meses.
Entre 2002 e 2004, dois clientes que editámos, e com
quem tínhamos andado com “a casa às costas”, em digressão, violaram os contratos e
deixaram-nos a sangrar financeiramente. Outros, que tinham assinado distribuição
exclusiva para Portugal, venderam à concorrência nas nossas costas, causando a
perda de quase todo o investimento feito. Optámos sempre por ficar em silêncio, nunca recorrer à justiça e deixar Deus ser a nossa recompensa.
Em 2004 o meu querido pai partiu para a glória inesperadamente. Não consegui chorar por um ano...
Em 2004 o meu querido pai partiu para a glória inesperadamente. Não consegui chorar por um ano...
Em 2005, o segundo sócio, e marido, saiu da empresa para arranjar outro emprego, pois estávamos ambos sem salário há já 2 anos. Fiquei sozinha. Nos 4 anos seguintes fiquei sem salário, a
tentar vender stock para pagar aos fornecedores, e a trabalhar em part-time no que aparecia, esperando horas
enregelada em paragens de autocarro para ainda ouvir “quem corre por gosto não cansa!”.
Em 2007 fui diagnosticada com doença autoimune, sofrendo dores crónicas 24/7.
Trabalhei de braços ao peito, arrastei-me de canadianas, tomava 12 comprimidos por dia só para funcionar… perdia 5 horas por dia
em transportes públicos, trabalhava 12 a 16 horas por dia,
jantava às 23h... Cheguei ao ponto em que pensei que ia morrer de exaustão... e pedi ao Senhor um carro que apenas andasse, mas Ele foi muito mais do que Fiel!
Não me lembro em que ano, mas fui infectada com varicela (em adulta!) e fiquei coberta de bolhas dolorosas que rebentaram
por todo o corpo. A minha cara inchou de tal forma que não conseguia abrir os olhos
e à noite tinha de dormir de luvas porque arranhava-me mesmo com 2 fortes
anti-histamínicos. Ainda hoje tenho as marcas.
Em 2010, uma das empresas para
quem trabalhei em part-time por 4 anos, despediu-me na véspera de Natal, por estarem à beira da falência, apesar da reconhecerem "a minha
grande competência e inegáveis resultados". Passei anos a seguir, sem emprego estável, a vender tudo o que tinha, só para sobreviver; mas como trabalhava em part-time na altura do despedimento, até o subsídio de desemprego foi ridiculamente cortado pela metade!
No entretanto, perdi dois bebés… e quando a
adopção se ponderou, perante uma lista de espera de 6 anos, também esse sonhou
ruiu diante da conspiração e traição. Recebi o meu diploma de mérito de Teologia de coração despedaçado, na noite em que o meu marido abandonou o lar... Só a minha mãe estava lá e só ela ficou.
Fiquei sem casa, sem finanças, sem família, sem emprego, sem futuro...
Fiquei sem casa, sem finanças, sem família, sem emprego, sem futuro...
Em todos esses anos, tive um amigo fiel, que me salvou a vida e lutou até à morte para não me deixar, mas
em 2016 o meu querido Welsh Springle
Spaniel de 17 anos partiu na antevéspera de Natal, ouvindo os louvores em
piano que ele tanto amava… Os anjos vieram consolar-nos.
Nesse Novembro sofrera uma fratura com entorse
que me atirou de novo para as canadianas por 7 meses, até as mãos, pulsos,
braços e costas não aguentarem mais de dores, os lençóis pesarem toneladas e só de tocar a pele parecia que ardia. Os médicos diziam que as
dores podiam durar até 2 anos, dado a minha condição preexistente. Conduzir era
um tormento, mas não parei de trabalhar, nem de servir. Se não podia escrever
sentada, fazia-o deitada. Se não podia traduzir de pé, fazia-o sentada… Deus
foi misericordioso e curou-me enquanto traduzia numa conferência, por amor à Sua
obra.
Não, esta não é uma ode à tragédia, mas sim à coragem! Fui abandonada, traída, difamada, incompreendida, rotulada. Satanás quis matar-me com meningite, com acidentes, com feitiçaria e traição daqueles que se diziam família. As minhas cicatrizes dão-me a tenacidade para vencer! Enquanto restar um fôlego em mim lutarei, porque apesar de tanto ódio do diabo, EU SEI QUE SOU AMADA DO PAI! o meu destino é o céu e o desse incircunciso é o inferno!!
Agora começa uma nova etapa e estou extasiada com o que o meu Bom Deus já preparou para mim! Aleluia! Em todas estas coisas, eu saí mais que vencedora em Cristo Jesus!
Agora começa uma nova etapa e estou extasiada com o que o meu Bom Deus já preparou para mim! Aleluia! Em todas estas coisas, eu saí mais que vencedora em Cristo Jesus!
CICATRIZES DA CORAGEM, por Sandra Rosa
Esta é uma ode à coragem! À bravura silenciosa, despercebida, desvalorizada, rotulada impiedosamente, mas que vez após vez me ergueu das cinzas, mesmo quando não havia réstia de esperança, só pela tenacidade de não se deixar vencer!
ResponderEliminarCoragem não tem nada a ver com sucesso, fracasso, cair ou ficar em pé! Coragem é lutar a despeito de todas as probabilidades estarem contra nós e ainda assim encontrar forças para se erguer vez após vez!
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