OPOSIÇÃO E INTIMIDAÇÃO - Parte 1

Cada filho de Deus tem uma chamada específica, dons e habilidades que a acompanham, para ser realizada. Contudo, existe algo que pode travar essa chamada e os dons de estarem ativos.

Diferentes heróis da fé enfrentaram este duplo problema – oposição e intimidação: Elias, Neemias, Paulo, Pedro, Timóteo…

“Oposição: 

ato ou efeito de opor ou de opor-se; Impedimento; Incompatibilidade; Resistência.” [1]

Basta determinarmos que vamos “(…) tomar uma atitude firme para a restauração da personalidade, a renovação da mente, é entrar num confronto aberto contra as forças invisíveis das trevas. Haverá pressões, tentativa de cansar-nos, desgastar-nos, esmorecer-nos, levar-nos ao desânimo e a desistir da luta. Isso tudo revela uma estratégia inimiga para que áreas da nossa alma continuem sob seu controle.” [2]

Oposição atua principalmente no âmbito da alma: sentimos a resistência de colegas num novo emprego, o entrave a boas notas por professores mesquinhos, a inveja de familiares quando compramos um carro ou uma casa, a falsidade de amigos quando vestimos algo que nos fica realmente bem, a concorrência velada até na igreja. Há um antagonismo mordaz silencioso, escondido por detrás de sorrisos fingidos e até clichés eclesiásticos.

Muitas vezes não conseguimos identificar exatamente o que se passa e pensamos que estamos a imaginar coisas, mas a oposição é real tem apenas um propósito: opor-se-nos e impedir-nos de chegarmos onde Deus já determinou que é o nosso propósito.

Como devemos agir em caso de oposição?

Aprendamos com Neemias: no 20º ano do reinado de Artaxerxes I (445/444 AC) Neemias chegou a Jerusalém com cartas reais, determinando-se a reconstrução da cidade. Imediatamente inimigos se opuseram à obra: “Sanebalat, da cidade de Horon, e Tobias, funcionário amonita, ficaram profundamente irritados por ter vindo alguém que se interessava pelo bem-estar dos israelitas.” (Ne 2:10 [3])

Neemias examinou a cidade à noite em segredo (Ne 2:11-16), formulou um plano e este foi executado com tamanha competência que todas as suas muralhas teriam sido finalizadas num período assombroso de 52 dias. Mas o mais impressionante é que a oposição dos inimigos teve diferentes táticas, para desmoralizar, destruir e por fim matar a obra de Deus e a vida de Neemias. Vejamos:

1. Tática da Desmoralização:

“Logo que Sanebalat soube que nós, os judeus, estávamos a reconstruir as muralhas, irritou-se fortemente e começou a fazer pouco de nós. (…) Por sua vez Tobias, o amonita, que estava ao lado, acrescentou: «Ainda que eles construam a muralha, uma raposa que lhe salte por cima derrubará as pedras!»” (Ne 3:33-35)

A resposta de Neemias foi direta: oração e ficar firme o seu objetivo.

“«Escuta, ó nosso Deus, como fazem pouco de nós. Que os seus insultos caiam sobre eles mesmos e que eles caiam em poder dos inimigos e sejam levados prisioneiros para outro país. Não lhes perdoes a sua maldade, nem os seus pecados; e que desapareçam da tua presença, por insultarem quem está a reconstruir a muralha.» Nós porém continuámos a reconstruir a muralha que, nesse tempo, já estava a meia altura, pois havia entusiasmo de todo o povo.” (Ne 3:36-38)

2. Ameaça de Guerra:

“Sanebalat, Tobias, os árabes (…) uniram-se todos, para virem atacar Jerusalém e fazer-nos mal.” (Ne 4:1-2)

Neemias usou de contraespionagem e táticas defensivas: “Coloquei então os soldados do povo, distribuídos segundo os seus clãs, por trás das muralhas, nos sítios onde não estavam ainda concluídas, com espadas, lanças e arcos. (…) A partir de então, metade dos meus homens trabalhava nas muralhas e a outra metade estava com armas: com lanças, escudos, arcos e couraças. (…) Nem eu, nem os meus companheiros, os meus colaboradores e os homens de guarda que me seguiam, tirávamos a roupa que vestíamos e cada um conservava a arma na mão” (Ne 4:7, 10, 17)

3. Ciladas para Morte:

Ao verem que as muralhas estavam reconstruídas e apenas faltavam os portões da cidade, os inimigos mudaram de tática para tentativa de assassinato: “Sanebalat e Guéchem enviaram mensageiros a convidar-me para termos um encontro em Cafirim, no vale de Ono. Na verdade, o que eles pensavam era fazer-me mal.” (Ne 6:2)

Com sabedoria, Neemias evitou por 4 vezes este convite mortal, e continuou focado na sua missão: “Enviei-lhes então mensageiros com esta resposta: «Estou ocupado numa obra muito importante e, por isso, não posso ir ter convosco. Se eu for ter convosco, a obra deixa de avançar.»” (Ne 6:3)

Numa tentativa desesperada para travar a obra, Senabalat tentou então atrair Neemias sob a ameaça de fazer chegar à corte rumores infundados de revolta dos judeus e um autoproclamado reinado do servo do Senhor. “Por tal razão, comparece para conversarmos os dois a tal respeito.» Mandei-lhe dizer: «Não é verdade nada do que dizes! Tu é que tiraste isso da tua cabeça!»” (Ne 6:8)

Por fim tentaram Neemias na sua própria fé para o fazer levar a pecar e ser morto por blasfémia, mas ficando firme na sua resolução, Neemias não caiu na impostura. “Era para me assustarem e levarem a fazer um pecado, se eu seguisse o seu conselho. Desta forma destruíam a minha reputação e cobriam-me de vergonha.” (Ne 6:13)

Por fim a obra concluiu-se em 52 dias, os inimigos foram humildados e ainda assim Neemias foi prudente: colocou homens de confiança no governo e na segurança da cidade e avisou o povo “para não abrirem as portas de Jerusalém até o Sol ir alto e para as manterem fechadas, enquanto os guardas não estivessem nos seus postos. Dei também ordens para que os próprios habitantes exercessem vigilância à vez, cada qual no seu próprio posto e também à volta da sua casa.” (Ne 7:3)

Neemias permaneceu como governador da Judeia por 12 anos (Ne 5:14), realizando diversas reformas e restaurando o país, apesar da oposição que encontrou.

Se a nossa alma não estiver firme na Paternidade de Deus e em Quem Somos em Cristo, iremos sucumbir à pressão e desistiremos. Eu sei. Já senti demasiadas vezes a coerção vil da oposição. Já tive chefes que me fecharam portas na cara, outros com ataques de ciúmes fizeram ameaças infundadas; já tive professores que me roubaram notas, subalternos que mobilizaram rebelião, sócios que desbocaram ao mundo falsidades, e familiares que conspiraram para morte. Sim, sei o quão pesado é lidar com a oposição, mas também sei que quando ficamos firmes no Senhor e levamos a Ele a nossa intercessão, Ele luta por nós!

Confesse a Palavra:

“Toda a ferramenta preparada contra [mim] não prosperará; e toda a língua que se levantar contra [mim] em juízo, tu a condenarás: esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que vem de [Ti], diz o Senhor.” (Isaías 54:17 – texto meu entre parêntesis e versão RC)

• Somos mais do que vencedores em qualquer situação! (Rm 8:37)
• Somos reis e sacerdotes para reinar e para servir! (Ap 1:6)
• Temos a mente de Cristo para tomar todas as decisões com sabedoria e o dom de discernimento de espírito para reconhecer as artimanhas do inimigo. (1 Co 2:16)
• O sangue de Cristo nos protege de todo o mal e ninguém jamais nos pode impedir de concluirmos a obra de Deus! (Sl 91)

Se crer realmente nisso, permaneça firme, faça o que o Senhor lhe disse para fazer e veja a vitória gloriosa que irá acontecer!

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[1] in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

[2] http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao4-nic-4tr11-comoenfrentaraoposicaoaobra.htm

[3] Versículos citados na tradução da Bíblia para Todos, Ed. Sociedade Bíblica de Portugal

OPOSIÇÃO E INTIMIDAÇÃO - Parte 1, por Sandra Rosa